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Memória e vivência

O passado é um rastro  Uma reminiscência Geralmente uma impressão apenas De um presente  Como sempre, absoluto, intenso De tudo o que viveu Do máximo ao mínimo  O que sobra da existência O que ainda não se esqueceu O que ainda resiste Tão pouco perto do que foi Como a ruína de um império glorioso Sem cor Reduzido Que a emoção tenta reconstruir, reviver... E com esse pouco, chama de saudade, de vontade, De lealdade pelo que ficou para trás Mas os caminhos nunca voltam de verdade  A sensação do passado não é mais que uma miragem A própria vida, aliás

Capitalismos

  Bala da arma que matou John Lennon vai a leilão As almas dos políticos já foram vendidas há muito tempo  Bonecos para pedófilos e zoófilos começam a ser produzidos em Amsterdam  São muitas as igrejas e as casas antigas, belíssimas, que já foram substituídas por prédios cinzentos Florestas são destruídas, corpos são consumidos... Sexo ou exploração?? Capitalismos Novo, velho feudalismo Desde os babilônios, a mesma indagação: Até quando?? Haverá um fim para o desprezo humano?? 

Sem dizer uma palavra

 Eu digo que não sou feliz  Com os meus olhos tristes  Que eu tenho medo de tudo, de todos Que eu me sinto desconfortável com a vida  O meu corpo e o meu rosto dizem por mim  Sem eu querer  Dizem que eu sou diferente  ou apenas mais frustrado  Ou mais realista  Minha testa franze Meus pés titubeiam o chão  Meus olhos tateiam ângulos cegos Mas sempre miram nos olhos dos outros apressados Eles fazem por mim  Eu observo e registro mais do que controlo  Os sentimentos que eu sinto por dentro E por fora, eu me afogo na densidade  Na tensão  Nas verdades alheias Mas não dizem tudo sobre mim Porque eu ainda sou feliz  Mesmo carregando certezas tão difíceis Incertezas de um caminho íngreme E qualquer passo em falso, não sei mais  Eu só sei que eles dizem  Os outros reagem Mais com base no que dizem  E não como eu gostaria  E assim, eu sigo  quando eu não digo  E entendem até muito bem  Mais sobre as minhas fraquezas do que sobre as minhas qualidades  E quando eu consigo, eu omito  Mas eu sempr

Sofro

  Como se carregasse o mundo nas costas  Se mal posso aguentar o meu próprio peso Suspenso do mundo prático  Vivo de dependência e expectativas próximas  E de frustração e desassossego  Por achar que eu teria a capacidade de mudar tudo Pelo menos, eu não sou muito ambicioso Não penso alto  Mas não há nenhuma lei que proíba sonhar alto E eu sonho  E eu sofro por isso  Por acreditar que é minha responsabilidade Ou que eu deva sempre sofrer pelo sofrimento alheio  Se eu deveria tentar aliviá-lo Ainda mais se forem quatro patas andando nas ruas Com o olhar mais carente Mas a minha covardia é mais forte Meu egocentrismo Minha vergonha Meus muros de timidez e transparência E parece que há pouco o que possa fazer para controlar minhas neuroses Se também têm um fundo de razão  De estar sempre alerta  Luta ou fuga Se eu vivo no meu purgatório Apesar de cometer menos pecados que muitos que vivem em paraísos terrestres E ainda dizem que Deus escolhe os mais pobres... Pois não há "compensação

Sobre meio, criação e personalidade/caráter

  Eu não acredito que o meio, incluindo a criação dada pelos pais, seja o principal fator no desenvolvimento (ou constituição) da personalidade e, portanto, do caráter, por acreditar que aconteça paralela e independentemente. Mas eu acredito que a criação pode ou costuma ter um efeito mais pronunciado na dinâmica familiar, assim como o meio, de maneira geral, que também influencia na dinâmica social, de modo que, o comportamento de uma pessoa pode ser variavelmente mediado por outras pessoas, leis, estruturas ou circunstâncias de contato. Mas tudo também depende das próprias inclinações intrínsecas da pessoa, reiterando a minha defesa heterodoxa pelo determinismo biológico, de que nenhuma mudança de comportamento acontece sem que exista uma disposição intrínseca que a favoreça. 

Novamente o problema elementar da psicometria

  É que a psicologia, assim como a astronomia, também se firma na observação de padrões como meio principal de produção de conhecimentos do que pelo empirismo prático, e até mais já que, enquanto a astronomia requer cálculos matemáticos em suas observações e descobertas, o mesmo não é estritamente necessário para a psicologia. De novo, a ênfase no pedantismo das ciências exatas, se embrenhando em áreas onde não há grande necessidade de precisão numérica, afinal, ninguém realmente precisa fazer cálculos complexos para concluir, por exemplo, que seres humanos variam em suas capacidades cognitivas, bastando a definição de conceitos relacionados, e comparação e ranqueamento com base nos conceitos e critérios estabelecidos, ou observação...

A estupidez do mais irracional se percebe...

  ... nos mínimos detalhes, nos comportamentos mais básicos do cotidiano, geralmente associados a uma incapacidade de perceber o que acontece além do seu centro de gravidade. Portanto, é possível afirmar que narcisismo e racionalidade tendem a ser opostos, se o narcisista vive, interpreta, compreende e interage com o mundo ao seu redor muito centrado em si mesmo e o mais racional, por suas capacidades mais desenvolvidas de objetividade e imparcialidade, costuma se comportar de maneira oposta, não no sentido de estar totalmente desapegado de si mesmo, mas mais voltado para o mundo exterior e suas verdades.