Sem dizer uma palavra

 Eu digo que não sou feliz 

Com os meus olhos tristes 
Que eu tenho medo de tudo, de todos
Que eu me sinto desconfortável com a vida 
O meu corpo e o meu rosto dizem por mim 
Sem eu querer 
Dizem que eu sou diferente 
ou apenas mais frustrado 
Ou mais realista 
Minha testa franze
Meus pés titubeiam o chão 
Meus olhos tateiam ângulos cegos
Mas sempre miram nos olhos dos outros apressados
Eles fazem por mim 
Eu observo e registro mais do que controlo 
Os sentimentos que eu sinto por dentro
E por fora, eu me afogo na densidade 
Na tensão 
Nas verdades alheias
Mas não dizem tudo sobre mim
Porque eu ainda sou feliz 
Mesmo carregando certezas tão difíceis
Incertezas de um caminho íngreme
E qualquer passo em falso, não sei mais 
Eu só sei que eles dizem 
Os outros reagem
Mais com base no que dizem 
E não como eu gostaria 
E assim, eu sigo 
quando eu não digo 
E entendem até muito bem 
Mais sobre as minhas fraquezas do que sobre as minhas qualidades 
E quando eu consigo, eu omito 
Mas eu sempre penso em não me submeter aos seus caprichos
Mais do que já sou forçado

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Memória e vivência

Realismo, surrealismo e hiperrealismo