O melancólico ama a vida e outras
O melancólico ama a vida Ele tem uma relação muito íntima com ela Casou e jurou Na saúde, na doença Na riqueza, na pobreza Toda sua fidelidade A tem na cama, na cozinha Nos passos, nos altos dos morros De suas poucas e profundas certezas Selou com sangue Tirou sua virgindade Sorve sua verdade Vezes sem entendê-la Apenas ama É paixão A ignorância é afastar a vida Inventa-la, dar-lhe múltiplos nomes, compromissos, agendas Dividi-la, esquecida Vive sem vivê-la Em sua pureza Em sua aridez Em sua força A pura chama Que ilumina o caminho De escuridão Segurando o seu fogo entre os dedos Não quer correr, quer viver sem precisar dos pés Quer contemplar sem ter medo Sem ser apressado pelo tempo A sua fé é tão pura quanto o seu desejo Se segura mas cede ao vento, do silêncio Não tem fronteiras para a imensidão Respira profundo, transpira Lhe acompanha onde quer que vá É uma obsessão Ama a vida sem máscaras, sem mitos ou ritos Ama no ato mais si