A "meritocracia" capitalista: a falácia da desigualdade de importância do funcionamento orgânico e uma receita de bolo

A "meritocracia" capitalista: a falácia da desigualdade de importância do funcionamento orgânico e uma receita de bolo

Sem respiração,  o corpo não se sustenta. Mas, segundo a falácia da "meritocracia" capitalista, o mais  importante é o ''cérebro', que organiza e gere as funções do corpo. Ok, mas de novo. Sem as batidas do coração e respiração captada pelos pulmões e não existe essa de supremacia cerebral. Aliás, sem a pele, sem o sistema imunológico, enfim... O corpo todo é uma unidade em que todos os seus sistemas ou especializações colaboram entre si, sem falar que as funções mais primordiais do organismo são às de sustentação do mesmo, claro, as mais básicas, que como eu adoro dizer, são sempre as mais fundamentais. Quem sustenta uma nação, é, por mérito, aquele que deveria ter, no mínimo, uma retribuição à altura do seu esforço, tanto quanto àquele que governa e a "organiza'. Sem trabalhadores, não existe sociedade ou organismo sócio econômico. Infelizmente, com a evolução da robótica, a ciência, a favor do parasitismo, ou separada da filosofia, pode muito bem resolver este probleminha pequenino [das ''elites''], eliminando trabalhadores humanos e seus direitos, por robôs que não precisam disso para trabalhar (muito mais). Imagine um cérebro que faz mal ao próprio corpo, que o exige demais?? Então, se as elites são o cérebro do corpo humano... ainda que as econômicas pareçam se comportar mais como o estômago...


Parece sábio concluir que o ''cérebro'' de um organismo social precisa cuidar bem do ''seu' próprio corpo. Não é bem isso que acontece no capitalismo...


Capitalismo/parasitismo, passo a passo


Faz de conta que você ''toma posse'' de um lago de água doce. Tá ok. Aquilo passa a ser propriedade sua. Então, pessoas se mudam ao redor ou perto do lago, que é uma das únicas fontes naturais de água doce da região. Como o lago está dentro de sua propriedade ou melhor, como você, burocraticamente, tomou posse dele, você decide o que fazer com ele. E decide lucrar em cima, ''vendendo'' a água doce por um ''preço camarada''. Então, os seus vizinhos aceitam as regras, acham justo, e passam a comprar a água de ti. No início, você é ''bonzinho'' e deixa barato, mas, percebendo possibilidades de aumento do lucro, passa a aumentar o preço. Chega a um ponto que fica caro. Os vizinhos reclamam, mas você não se importa. Tem água pra todo mundo pegar. Mas você quer continuar lucrando, aumentando suas riquezas. Você é o dono, o propriedade de um bem que é desejado por outros. Você tem o poder de decidir o que fazer com ele, se drena, se vende o lago ou sua água. O tempo passa, seu primeiro filho já tem uns  13 anos. Você deixou de ser um simples proprietário rural para se transformar num empresário do ramo ''aquífero''. Até cria uma empresa [Doce sabor], coloca embalagem na garrafinha de água com o nome dela. Passa a distribuir a água do seu lago, pra outros lugares. Claro, precisa de empregados que o ajude nisso. O seu filho e o segundo que sua esposa está esperando, irão lucrar um ''negocião''. Papai irá doar o fruto do seu trabalho, de sua esperteza/criatividade egoísta... Enquanto isso, os seus vizinhos, necessitados de sempre ter água, porque vida não vive sem isso, acabaram tendo que gastar um bocado por ela, apesar de terem aparecido outras possibilidades de captação, por exemplo, com o armazém que surgiu alguns anos depois do início do seu negócio [e que também passou a vender ''sua água'']. Além de ter se apropriado de um bem comum, transformado em uma fonte de lucro pessoal, você não está se importando em ajudar os outros com o dinheiro que tem acumulado. Está mais preocupado em comprar a nova picape e em fazer umas ''reforminhas'' na sua fazenda, comprar mais terras... enfim... parece que não está satisfeito com o que já tem, quer mais. Você nem é uma pessoa super ruim, um sociopata típico. Mas provou que está longe de ser dos mais altruístas. Se céu existisse, não iria pra lá, tá ok [mas parece que, no fundo, você sabe disso...]. O que te custa ajudar os outros [para instituições de caridade ou ONGs confiáveis, por exemplo], mesmo se tirar 15% do que já tem ou do que ganha? Será que é muito? Bem, gastar e bastante, com frivolidades, com excessos, você é bem mão aberta...


O passo a passo do capitalismo, em que, quem ''trabalha' pensando em lucrar cada vez mais, e apenas para si, mesmo vivendo dentro de uma sociedade e usufruindo dos bens dela, é recompensado.


Uma maior taxação de impostos para os mais ricos é o mínimo que se deveria fazer, do contrário. Se não, a sociedade se transforma em uma empresa, até mais do que já aparenta.


Sim, tem o problema da corrupção. Mas você sabe que tem muito político por aí que também é proprietário rural, empresário... e vire e mexe, aparecem em escândalos de corrupção, quer dizer, aqueles que se tornam públicos, porque ''pequenos delitos'' do ''baixo clero'', isso tem MUITO mais... E quando roubam, estão fazendo quase o mesmo que você, sendo espertos ou egoístas.

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