Eu quero conversar com os meus mortos

Eu quero conversar com os meus mortos

Em minhas rezas sem deus
Eles e eu,
Apenas com as estrelas, e com a noite esmagadora,
Quero conversar com as minhas
E com as suas lembranças,
Com as suas expressões 
mais reveladoras,
De quem se perdeu
Na distância
A existência é avassaladora,
Me faço à empatia
projetado
Me coloco em seus lugares,
Busco por suas almas/ alegrias
Mas não encontro os seus lares,
Vejo sombras na luz do dia
Vultos na escuridão
Ventando os seus pesares
Ecos de um mundo ultrapassado
São as vozes dos meus amados
A morte é uma solidão,
Eu também estou, em último lugar
Enterrado,
Curioso com uma caixa 
Como um gato de Pandora 
arranhado, 
Minha noiva cadáver, Tristeza
vestida de Saudade
Parece nua
Mas é sua natureza
que arde,
Vamos às cerimônias de mãos dadas
Fazemos contatos com os mortos
Mas é sempre um monólogo
Eu falo e respondo por eles
''Volte logo'',
Olhando ansioso para o meu relógio
escurecido
Que eu só consigo escutar
frio,
o meu coração, quente e devorável
palpita em cada segundo
Irretornável 

Os sonhadores são mais preguiçosos???

Quando a consciência não dá trégua
Nos apegamos aos detalhes dos minutos
dos centímetros das réguas
Sonhamos, imaginamos muito mais
Vivemos mais por dentro, em mergulhos
Resolvemos problemas que em média, nunca serão resolvidos
Criamos dilemas, absorvidos
A energia é fracionada
Como se vivêssemos pela metade
Mesmo tão vivos!!
A preguiça é atiçada
Somo os mais loucos, a olhar pro nada
Não viramos a cara
pra realidade
mesmo que muitos de nós a entenda 
apenas pelos sentimentos
Se nossa luta é sempre derrotada
Então decidimos retardá-la
O máximo possível
O sonhador,
Meio romântico, meio melancólico, 
o seu teor, de calor ou coma alcoólico 
Sempre excitado com o momento
Ele que descansa em paz
Em sua infância estranha e estendida
Muitos o chamam de vagabundo
mas ele é um moribundo feliz
Sabe que é condenado, que estamos sempre por um triz
E é por isso que diz:
Não existe o amanhã, apenas a vida

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