'Inteligência' versus pensamento crítico//sabedoria


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'Inteligência' versus pensamento crítico//sabedoria

Você come livros, apostilas, rascunhos anotados, enfim, a matéria para o vestibular que te espera. Seu sobrenome é Park, tem olhos puxados, cabelos pretos e escorridos, que deseja pintar com uma cor de um personagem de anime. Em seus dias, se dedica a memorizar, a gravar, a cravar bem fundo na mente, tudo o que precisa pra passar no vestibular e dar orgulho pros seus pais e um rumo na vida. Então, um belo dia desses, num momento de descanso dessa rotina massacrante, decide ligar o computador e ver uns vídeos no Youtube. Como tem certa proficiência em inglês, acaba encontrando um vídeo do ocidente que fala do vestibular que está se preparando. Imagina que lerá nas legendas, apenas elogios, mas se impressiona com o teor balanceado da reportagem, e mesmo a existência de críticas explícitas. Não foi isso que aprendeu na escola, durante todo esse tempo. Aí, vai pra sessão de comentários, e se impressiona com um deles, de uma mulher estrangeira que sugere um absurdo, uma espécie de rebelião silenciosa, de, na hora da prova, todos, e em especial os mais preparados, fazerem corpo mole para rebaixar as notas de corte. Só assim para tornar o vestibular menos penoso do que tem sido, você deve estar pensando. Uma área do seu cérebro, que estava dormente, desperta com esse achado. De repente, a Matrix em que se encontrava, tem o seu primeiro e decisivo Bug, como se o seu celular tocasse e uma voz estranha lhe dissesse coisas impossíveis: que tudo o que está fazendo é estúpido, o que você sempre pensou que era o mais certo e inteligente. Memorizar igual um condenado toda a matéria, tirar a nota mais alta e se pensar como um crânio, desses raros. Mas viu que era um castelo de cartas, e que bastava tirar uma carta de sua base, que ele cai sem oferecer resistência. E estava fazendo esses castelos todos os dias, e agora, se vê numa encruzilhada, porque uma segunda estrada apareceu no horizonte, que parecia só ter um fim. Talvez continue estudando ou siga aquele conselho de sabedoria, que mais parece coisa dos velhos sábios das montanhas tibetanas. Mas, pra isso, teria que convencer o máximo possível de estudantes, o que não está em sua competência.. Aquela desafinação na valsa sem porquês, no entanto, foi decisiva para ampliar sua compreensão de mundo. Que estava se preocupando demais com a sua performance, nos estudos em nível draconiano, para um concurso injusto, que até parece com aquele filme, ''Jogos mortais'', em que é preciso todo esse sacrifício para sobreviver e vencer na vida. Aprendeu que o julgamento da performance ou da ação, é a verdadeira razão, a análise, a crítica e a ponderação de tudo, e não apenas de olhar para uma ação e um horizonte que foi determinado, e achar que só existe um caminho a seguir. Deixa de estar na plateia, e se torna protagonista da própria vida. Mesmo que volte à rotina, ou que a reduza um pouco, o ''estrago'' já foi feito, e eu lhe felicito por essa vitória, a única que é verdadeira e não uma ilusão do ego. 

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